quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A Evocação

Das profundezas mais desprezíveis da humanidade eu vejo-te sair, meu Filho.
Tu és o prometido, o meu sucessor magnânimo.
Da escuridão nascerás e na escuridão reinarás.
Os teus súbditos, ralé humana, ajoelhar-se-ão a teus pés, pedir-te-ão misericórdia. Pedir-te-ão morte ao sofrimento.
Tu, sentenciador-mor da escravidão, facilmente renunciarás, pois no teu reino não há indulgências.
Filho adorado, sangue do meu demoníaco sangue, o teu olhar matará de temor todos aqueles que de ti se aproximarem.
O ódio e o escárnio toldar-te-ão as feições e a sombra será a tua fiel companheira. A tua espada não conhecerá outro temperamento que não o do sadismo, do prazer absoluto da dor.
Os teus escudeiros serão corpos sem alma. A alma que tu lhes sugaste enquanto sorrias ameaçadoramente.
Tu, Messias invertido e perverso, não deixarás que ninguém te traia por dinheiro algum, pois tu serás o cúmulo do mal.
Oh Príncipe Tenebroso, liberta-te do submundo em que te encontras recebendo o sangue de este carneiro velho sacrificado.
Que Belzebu te proteja!

Nasceu.

Uma criança morena e de olhos inteiramente negros emerge do solo florestal de ciprestes. Solta já um sorriso maldoso e mostra dentição pontiaguda de carniceiro.

Um Trovão é o prelúdio da Idade das Trevas