sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Sinais de Fogo

Naquele dia quente de Outono, prenúncio de morte. Ou seria de vida? É que isto do fogo nunca se percebe, é como o amor, como dizia Camões, ora amargo ora doce.
Ao longe, após um cabeço de Terra, via-se emergir uma cinta vertical de fumo nem negro nem branco.
Pasto diziam os mais velhos, vapor, diriam os que não conhecem a zona e presumem que o pouca terra chega a todo o lado.
Curioso e desocupado agarro no furgão e vou até onde der. Tenho descobrir o que é aquilo, só para saber, sem utilidade alguma.
Subo montes e vales de ramos secos que se torcem e partem sob o peso escuro sujo dos pneus.
Chego ao alto e procuro. Aguço a visão em 360 graus e aos 197 encontro o foco do fogo: uns putos assam uma lebre gigante, com mais de um metro de comprimento. Tiveram de mandar a baixo um eucalipto e queimá-lo.
Faço-me notar e buzino. Os miúdos ficam contentes por me ver e chamam-me.
Encontramo-nos a meio do caminho e eles querem que eu traga mais gente para comer e batatas cozidas.