sábado, 25 de outubro de 2014

O Homem Que Já Foi o Mais Alto do Mundo (Parte I)

António mediu um dia mais de dois metros e meio, sem contar com penteado à punk dos anos 80.
Não era feliz, mas também não era o contrário.
Não tinha namorada mas já tinha tido. Tinha amigos em grande número mas não podia jantar com eles em todo o lado. O tecto de alguns sítios traziam ao de cima a sua claustrofobia.
Vivia sozinho no último andar de um prédio com 8 andares. Todos os dias subia e descia as escadas. Não conseguia utilizar o elevedor.
Trabalhava no aereoporto, a estacionar aviões com as raquetes vermelhas e verdes. Dizia-se que era o melhor a fazê-lo.
Ele era o homem mais alto do mundo.

Numa madrugada de uma terça-feira qualquer acordou com uma grande dor de cabeça. Ao fim de três meses a dor de cabeça ainda não tinha adormecido.

Resolveu ir ao médico.

Aí disseram-lhe - Sr António, por ter andado a viver durante tanto tempo em altas altitudes o seu cérebro não recebeu o oxigénio necessário e acabou por desenvolver o Síndrome de Yeti, ou seja, os seus pelos vão crescer a um ritmo incomensurável, os seus dentes afiar e você vai ganhar um apetite por carne crua, e quiçá por carne humana.
- E isso tem cura?
- Tem.
- E quando podemos começar o tratamento?
- Temos de marcar a consulta com o anestesista
- Anestesista?
- Sim, vamos ter de fazer uma cirurgia
- Mas fico mesmo bom?

A cura era: amputar a cabeça