Vou-vos contar a minha história.
Na verdade não é a minha história, é antes um pedaço da minha história.
Na realidade são apenas pedaços despegados da minha vivência.
Eu nasci um dia antes do dia marcado. Nasci marcado de homem que viria a ser.
A partir desse mesmo dia fui perseguido.
Perseguido por ditadores com medo de perderem o poder e com eles algo que eles tomaram deles, como nós tomamos por nosso a roupa que trazemos ou o corte de cabelo que nos fazem.
Os meus pais esconderam-me por entre lendas e ovelhas.
Gente rica, mas gentia, acorreu até mim. Depositavam as suas esperanças e riquezas em mim. Depois deles gente pobre me queria ver e adorar. Despojaram-se das suas pobrezas por mim, sem que eu alguma vez lhe tivesse pedido algo.
Durante largos anos da minha vida nada mais se soube. Nem o onde, nem o com quem, nem o quê. Eu digo-vos: também eu não sei, porque de tanto ouvir e ver a minha história eu já nem sei quem fui ou quem sou.
Aos 30 anos (diz-se, mas o dizer anda pelas ruas, já dizia o meu avô David), recomeçaram-me a escrever.
Como destino que me foi traçado pelo meu Pai e não pelo meu pai, continuei a ser persguido quase tanto como ouvido e adorado.
A medo fui-me treinando com os ditadores que outrora me perseguiram e soube aprender a falar às gentes.
Falei em feiras, em santuários, em montes (brilhantemente, deixem que vos diga, e com honestidade). Mandei levantar paralíticos e mortos renascer.
Quando os senhores me acharam muito mais que uma pedra no sapato, fui acusado de algo que nem sei bem o quê e traído (ou salvo? ou amado?) por um dos meus cavaleiros da távola redonda, um dos meus doze deuses do Olimpo, uma das minhas doze deídades do Antigo Egipto.
Três dias estava morto na cruz. "O Redentor, o Messias", diziam eles a meus pés, "está morto".
Antes da minha hora berrei, como um bezerro que não descobre a mãe entre as outras vacas: "Pai, porque me abandonas?" .O meu sacrifício deu-se então(sim, um sacrifício mortal, morri sacrificado, e as gentes aceitam isso enquanto eu o lutei. Fui apenas mais um cordeiro, no fundo e desde o início).
Hoje, passadas duas noites e cerca de dois mil anos da minha morte eu sei a razão do teu abandono Pai: o meu sacrifício não foi suficiente, e tu, cobarde, na tua omnipotência e grandiosidade sabia-lo e abandonaste-me.
Eu, cordeiro de deus, morri ingloriamente. Eu, O cordeiro de deus, morri em vão.
A minha história é essa.
Hoje, depois da ressurreição, sou o Antunes da repartição das finanças de Degolados, e salvo o país da bancarrota. Vão esforço o do Messias.
"Seja no que for, apenas poderemos ser julgados pelos nossos pares." - Balzac
http://www.youtube.com/watch?v=B6g7SWqbPzk&feature=related
GE NI AL !!!!
ResponderEliminarShuri B