Hoje não vos invento nenhum conto. Hoje falo de mim.
A verdade é que em muitas das estórias que escrevo alguém acaba morto ou mutilado, e isso já deixou de ser surpresa. Quem me lê já espera por isso, apenas não sabe como é que o fatalismo acontece.
A minha mãe já me disse que o que eu escrevia era demasiado violento e algo previsível.
Houve até alguém que me perguntou porque não escrevo sobre amor de uma forma bonita, e eu disse que tinha aquela história do autocarro, que é fofinha, mas que na verdade não há grandes histórias de amor perfeitas. Vejamos o exemplo do Drácula ou do Romeu e Julieta. Nessas o clímax não acontece no final. No final apenas há infortúnio, pranto e fenecimentos.
É isto ou Nicholas Sparks.
E escrever sobre coisas más cria um espanto na pessoa. Acho que nos habituámos aos sentimentos positivos. Acho que o aceite é uma vida e uma estória livre de crueldades e malvadezas, mas quando nos deparamos com elas, com essas verdades, o nosso meão sentimentaloide dispara umas quaisquer hormonas ou proteínas ou seja lá o que for, e espantamo-nos, revoltamo-nos, enojamo-nos.
É por isso mesmo que gosto de escrever em negro, de acabar as estórias como devem acabar: em mortandade ou em pathos. É assim que acabaremos todos um dia. Mortos. E muito provavelmente a sofrer e\ou a fazer sofrer.
Mas por todas estas almas que me interrogam eu resolvi experimentar de forma mais íntima a maneira como escrevo, torna-la biográfica, mais vívida.
É por isso que antes de escrever isto eu ingeri um copo de veneno.
Veneno dos ratos misturado com bagaço, para disfarçar o sabor, mas não a cor.
E a verdade é que já sinto uma febre fria e já não sinto o respirar nem as pernas.
Aliás, respirar é cada vez mais difícil.
Acho que não consigo acabbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
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