Debati-me para partir a carapaça onde de alguma maneira fui
parar. Curiosamente não me encontrava nem ansioso nem em pânico.
Não consegui e por uns momentos, por um segundo, a carapaça
nem sequer se mexeu com os meus esforços.
De repente um baque seguido por um estilhaçar como quem
parte amarrota uma folha de papel e a luz fria de uma lâmpada fluorescente.
Percebi que tinha eclodido de uma espécie de ovo multicolor.
Podia ver vários tons de cinzento, um preto e nos sítios onde a casca se partira
via um dourado muito forte.
Desconhecia onde estava, mas ao olhar com mais cuidado notei
membros decepados espalhados pelo chão, a contorcerem-se de volta de uma
carcaça de porco.
Vi humanoides com garras de urso, gansos com pernas de
cangurus e uma cria de elefante com cabeça de golfinho.
Dentro de um tanque um tubarão com unhas de preguiça e penas
de catatua na cabeça.
Em terror corri para uma luz mais branca, mais forte, que
presumi ser a saída.
Ao alcança-la vi que um enorme letreiro pendia sobra a minha
cabeça. Dei uns passos para a ler e vislumbrei “Circo dos Horrores”.
Ao ver-me numa refracção soltei um pio.
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