Tens o olhar vazio como se de uma gárgula enviesada te
tratasses.
Enviesada porque és bela. Talvez a mulher mais bela que eu
já conheci.
Porém toda a beleza do mundo não é para ti nada mais que uma
manhã nublada.
A mais bela de mim não sabe do que fala a canção do
Armstrong, nem sei se sentes.
Tens os olhos pintados de um verde baço, sem brilho algum,
assim como não tem brilho a tua vida.
Desde que o chão da tua casa se abriu em dois e de lá
esvoaçaram duas folhinhas de chorão e te tocaram uma na mão outra na face que o
teu corpo adormeceu.
Hoje, nessa tua casa vazia és mais um móvel que range ao
respirar e cujas gavetas perderam as chaves algures no fundo do tempo.
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