quarta-feira, 31 de maio de 2017

Promessa da Aliança

Acordei, aprumei-me. Uma camisa elegante, uma gravata preta. Cuidei como consegui dos sapatos.
Não dormiste em casa esta noite. Nem dormiste comigo fora dela.
A primeira desde há muito tempo.
Saí de casa, assim todo janota. Cabeça baixa e mãos nervosos nos bolsos.
Passei na florista.
Pedi 12 rosas vermelhas. Duas com botões fechados.
Duas fechadas a simbolizar a nossa vida. Duas conchas que entre outras se manifestam apenas uma para a sua semelhante. Tu e eu vaidosos no meio de vaidade alheia.
Não quis grandes arranjos no bouquet.
Pedi para deixar os espinhos numa rosa. A vida a dois não é um mar de rosas (curiosa expressão).
Encaminhei-me para ti.
Já falta pouco para te ver.
E mesmo que a última vez que te tivesse visto tivesse sido ontem de manhã, já tenho saudades tuas.
Saudades para sempre de ti.
Solto uma lágrima a pensar em ti, a pensar em nós e na nossa felicidade.
Acho que vais gostar da rosa de espinhos e das rosas fechadas.
Acho que vais gostar que te dê rosas passados mais de 40 anos de casamento.
Estou barrigudo, com reumático, mas continuo a amar-te e sei que sou amado.
Solto outra lágrima.
É isto o amor. Chorar por felicidade, mesmo gordo e coxo.
Entro já onde tu estás. Ponho-te as rosas onde não lhe consegues chegar nem ver.
Não lhe sentes o cheiro, nem das outras pessoas\rosas abertas que te choram.
MORRESTE-ME!
Amo-te para lá da morte que nos separa.


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