domingo, 19 de dezembro de 2010

palavreando palavras palavreadamente

As palavras vão e vêm, como vagas, pelo Eco dos tempos, pelo troar das vozes por vezes em surdina.
As palavras, que ao serem apenas sons divertem, magoam, originam lágrimas ou mortificam. Tudo acontece nas palavras, e por elas.
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras, mas quantas vezes mil palavras valem mais que uma imagem? Pelas palavras originamos mundos que não existem, lugares que não foram construídos, paisagens que nunca ninguém ou coisa alguma conquistará
As palavras têm a Força do tempo, e encarceram em si a história.
Marco Polo terá inventado o Oriente, Fernão Mendes Pinto as peregrinações, o Padre António Vieira o Santo António, ou as palavras de cada um inventaram o seu autor.
As palavras são sapientes. Pelas palavras tudo se sabe, tudo se descobre e tudo falha, menos em si. As palavras nunca traem, pode-se através delas trair, mas não traem. As palavras estão ali prontas a serem usadas, afiladas, como um exército de argila no éter, imaginadas, peões da imaginação alheia, desinteressadas, ocasionais, pensadas, falsas ou reais.
As palavras vestem-se de tragédia e de comédia pelo seu uso, pelo seu detentor, que lhes dá o uso devido indevidamente, já que nada pagou pelo seu uso, interesseiramente desinteressado.

As palavras são isto mesmo, apenas sons que trazem agarrados a seu corpo sentimentos e sentidos, paradoxais, absurdas, disparatadas. Ora amargas ora doces.

“Em todo o lado essa palavra \ Repetida ao expoente da loucura! \Ora amarga! Ora doce!” (Ouvi Dizer – Ornatos Violeta)

http://www.youtube.com/watch?v=HweU-Nc__HE

2 comentários:

  1. As palavras não traem, mas podem atraiçoar.

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  2. “Para te dizer que o amor é uma doença \ quando nele julgamos ver a nossa cura..."
    Gosto tanto :)
    Agora fico à espera de um texto escrito com o coração em vez do cérebro...era giro tentares e mostrares esse teu lado ;)

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