- Eu já te disse que te amo?
- Como?
- Eu amo-te. Amo-te como todos os clichés do amor anunciam.
Não durmo a pensar em ti, e quando durmo sonho contigo, as nossas mãos a dar-se
e a unir-se num só corpo. Ou melhor, a extensão de ti em mim e vice-versa.
Amo-te da forma em que o coração tem síncopes e parece que o
peito se torna pequeno por ele bater por ti.
Deixa-me acabar por favor.
Eu amo-te como o poeta que se queima sem se queimar, como a
cortiça nasce do sobreiro ou como o mar se enrola na areia. Amo-te chachadamente,
ternurentamente, depressivamente, obsessivamente. Amo-te como as flores amam o
sol ou os morcegos amam a noite e o mundo ao contrário. Amo-te como uma criança
gosta de perguntar coisas ou uma velha gosta de dizer no meu tempo é que era. Amo-te
como a Inquisição amava a fogueira ou como um milionário ama o seu dinheiro.
Amo-te mais que tudo e que todos e amo-te como nenhuma outra coisa.
A minha vida só faz sentido contigo, e contigo a meu lado. Só
tu tens o poder de me mandar calar e eu obedecer. Só tu poderás um dia pedir
que me mate, e o farei por amor a ti.
No fundo, amo-te.
- Eu gosto de ti, a sério, mas não te amo. E além do mais eu
sou casada!
- Eras. Matei o teu marido. Agora já me podes amar?
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